A Netflix tenta a todo custo lançar material original para atrair um público maior para a plataforma. Esses dias mesmo, saiu a notícia de que ela entrou em uma espécie de “crise” porque perdeu muitos assinantes nos últimos meses. Existem algumas explicações de mercado para isso, mas também tem a questão da qualidade das produções.

Raika Hazanavicious é a protagonista em As 7 Vidas de Lea
© Reprodução/NetflixRaika Hazanavicious é a protagonista em As 7 Vidas de Lea

No entanto, aNetflix tem lançado ótimas coisas em meio a dezenas de títulos medianos. “As 7 Vidas de Lea”, por exemplo, é um achado porque é uma mistura de vários gêneros, como thriller, mistério, crime e fantasia, de uma forma que não fica nem um pouco bagunçado. E, além disso, ainda também traz dois elementos narrativos que, quando bem feitos, são imperdíveis: troca de corpos e viagem no tempo. Aqui, essas duas coisas acontecem em simultâneo. Não tem como deixar de ver.

Cena da série As 7 Vidas de Lea, que estreou hoje – Foto: Netflix

A história da série é a seguinte: tem essa adolescente, chamada Lea, que mora em uma cidade pequena na França, daquelas que todo mundo sabe o nome dos vizinhos e, por tabela, sabe da vida de todo mundo. O lugar é apático e parece não haver muito futuro para ela, mas as coisas mudam quando, um belo dia, ela tropeça em um cadáver durante uma festa, o que a joga em uma história bizarríssima e reabre um caso criminal esquecido há 30 anos.

Baseada em livro de sucesso

O que acontece é que, após tropeçar nesse cadáver, a cada noite durante as sete seguintes, ela acorda em 1991 no corpo de outra pessoa. Não demora para ela perceber que o tal cadáver é de Ismael, um jovem que era amigo dos pais dela, e morreu em circunstâncias misteriosas. A cada noite, ela desperta no corpo de uma pessoa diferente. Um dia, ela está no corpo de sua mãe, ainda jovem e namorando aquele que seria seu pai. Lea precisa desvendar o quebra-cabeça da morte de Ismael e entender como essas coisas estão acontecendo com ela.

A série é baseada no livro “As 7 Vidas de Léo Belami”, escrita por Natael Trapp, lançado em 2019 e que rapidamente se tornou um êxito de vendas na França. Para a adaptação, houve algumas mudanças, como tirar o personagem masculino e colocar o feminino, e mudar o ano da ação de 1988 para 1991. Mas foram coisas muito pontuais e o conceito ficou o mesmo, e é simplesmente fantástico.

Não só por conta do enredo que vai deixando quem assiste cada vez mais interessado em entender o que realmente está acontecendo, mas também porque evidencia algo que nós, na vida real, também sabemos lá no fundo: as pessoas nunca compartilham inteiramente seu passado. Um exemplo bem claro é a relação de Léa com os pais: só ao entrar no corpo deles durante esses 7 dias que ela descobre algumas situações que ela nem imaginava que eles haviam passado. Há uma falta de comunicação entre pais e filhos, entre os membros da comunidade, que é algo que ressoa na nossa própria vida cotidiana. Muito disso vem porque as gerações mais velhas sempre acabam se tornando mais conservadoras. Veja a crítica completa no vídeo acima.