Muitas pessoas acabam se perguntando sobre o que passa na cabeça de indivíduos que praticam maus-tratos a animais. Esse foi o tema da palestra do psiquiatra Bruno Andraus durante o II Simpósio Internacional Contra Zoofilia, Maus-tratos e Crueldade Animal na Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto (SP).
Durante a palestra, Andraus traçou caminhos para que casos como o da cadela que teve o focinho decepado com um facão em Serrana (SP), ou do cão brutalmente espancado pelos próprios tutores em um posto de combustível em Guaíra (SP), consigam ser compreendidos. Segundo Andraus, uma das coisas mais importantes quando o assunto é compreender o comportamento humano é entender como a multifatoriedade e o aspecto biopsicossocial estão associadas às ações que as pessoas tomam.
“Praticamente tudo na psiquiatria a gente fala que a causa é multifatorial em um aspecto biopsicossocial. Isso significa que os comportamentos humanos são influenciados por diferentes aspectos. Então tem a parte biológica, a parte genética, a parte psico e a parte social. A conjunção desses fatores é o que propicia o surgimento dos nossos comportamentos”, explicou.
Com isso, segundo o especialista, os motivos que levam alguém à prática de maus-tratos contra animais não são derivados de um único fator. Como o psiquiatra ressalta, não é possível afirmar que todos os casos tenham uma relação com transtornos psíquicos, mesmo que alguns deles tenham essa ligação: “Da mesma forma que a gente não pode sempre associar os maus-tratos aos animais a um diagnóstico psiquiátrico, a gente também não pode achar que algumas pessoas não poderiam cometer tal ato de maneira completamente consciente e de maneira arquitetada”, pontuou.