As “Bruxas de Salem” ficaram marcadas na história por conta de uma perseguição contra o povoado de Salem, Massachusetts, EUA, em 1692. Na ocasião, oreverendo Samuel Parris foi avisado por um médico que sua filha Betty Parris (9), esua sobrinha Abigail Williams, 11, eram bruxas. As meninas apresentavamfalatruncada e seus membros se contorciam, e, após elas, diversas outras pessoas começaram a apresentar os mesmos sintomas. Foi aíque se iniciou uma “caça as bruxas”, que matou muitas pessoas.
Séculos após o acontecido, em 1976,Linnda Caporael criou uma teoria de que os sintomas que afetaram a população de Setem foram causadosfungo do centeio, quecausa “ergotismo convulsivo” (espasmos musculares, alucinações e convulsões). Outras teorias ainda foram criadas, alegando que os sintomas eram causadas por plantas psicoativas, doenças autoimunes, bactérias e várias outras possibilidades.
Entretanto, todas essas teorias foram descartadas. Um dos motivos, segundo informações do portal BBC, foi: “Os principais sintomas de envenenamento por fungo do centeio, por exemplo, não foram observados nas meninas de Salem, como fortes queixas gastrointestinais, coloração pálida da pele e apetite insaciável.”. Porém, uma nova possibilidade foi criada porMichael Zandi, neurologista do University College de Londres, e um dos seus alunos, Johnny Tam, na publicação Journal of Neurology.
Essa nova possibilidade é aencefalite anti-NMDAR. Ainda conforme o portal, um quadro de uma paciente comum afetada pela doença consiste emdesenvolver, no estágio inicial, uma doença parecida com a gripe. Em algumas semanas, a pacientefica obcecada por Deus ou pelo demônio, consumida pela paranoia e atormentada pela insônia. “Ela repete as mesmas palavras e, em seguida, fica totalmente muda. Depois, vêm as convulsões, contorções dos membros e estranhos movimentos repetidos da boca e da língua. Seus batimentos ficam lentos ou acelerados, sua pressão sanguínea aumenta e cai. Ela transpira, baba, grunhe e faz caretas. Ela fica catatônica e então entra em coma.”, diz o site.
Graças a uma pesquisa feita em 2007, sabemos hoje queessa condição é causada por um distúrbio neurológico, em que umanticorpo ofensivo reage contra os receptores de NMDA (N-metil D-aspartato). Por mais que tenham, segundo os criadores da nova teoria, muitos pontos em comum entreos comportamentos das “bruxas” e dos portadores, algumas perguntas ainda ficam sem respostas. Como as primas apresentaram os mesmos sintomas sendo que a doença não é infecciosa?Zandi afirma que a doença é hereditária e as duas poderiam ser portadoras, mas admite que “sim, é mais provável que apenas uma a tivesse e não as duas”.
Os pontos em comum entre os habitantes de Salem e os portadores daencefalite anti-NMDAR, segundo o portal BBC, são:
“A ansiedade e os delírios persecutórios causados pela encefalite anti-NMDAR parecem ter sido apresentados pelas meninas de Salem;
A encefalite causa convulsões e as meninas tiveram “diversos ataques de dores”;
As discinesias (movimentos involuntários dos membros) de encefalite anti-NMDAR podem coincidir com esta descrição: “seus membros destroçados as atormentavam… seus braços, pescoços e costas se retorciam de um lado para o outro e depois voltavam ao normal”;
Existem paralelos entre a perda da inibição e a alteração do status mental da encefalite e este relato: “ela primeiro corria violentamente para dentro e para fora do quarto… e começou a atirar brasas pela casa…”;
A indicação de que as meninas estavam sofrendo alucinações: “às vezes, parecia que ela iria voar, esticando seus braços o mais alto que podia e gritando whish, whish, whish…”;
As meninas às vezes “ficavam mudas”, o que talvez sugerisse um estado catatônico;
Inchaços do cérebro podem comprometer a fala. “As bocas [das meninas] paravam, suas gargantas engasgavam…””.