O Ministério Público denunciou nesta quarta-feira (15) o ex-presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, e o atual superintendente financeiro do clube, Roberto Gavioli, pelo uso indevido do cartão corporativo da equipe.

Corinthians afasta ex-presidente do Conselho e atual superintendente Gavioli após acusação do MP – Foto Marcello ZambranaAGIF
Corinthians afasta ex-presidente do Conselho e atual superintendente Gavioli após acusação do MP – Foto Marcello ZambranaAGIF

A informação foi confirmada pelo promotor Cassio Conserino, que apresentou a denúncia à Justiça, que agora decidirá se a aceita, dando início a uma ação judicial caso os denunciados se tornem réus.

Segundo o promotor, os gastos irregulares somam cerca de R$ 480 mil, atualizados pela inflação e juros, realizados entre agosto de 2018 e fevereiro de 2021. A denúncia envolve possíveis crimes de apropriação indébita, lavagem de dinheiro e falsidade de documento tributário. Andrés responde pelos três crimes, enquanto Gavioli é acusado de apropriação indébita e lavagem de dinheiro.

Em entrevista coletiva no Fórum Criminal da Barra Funda, Conserino afirmou que o cartão corporativo foi tratado como privado pelo ex-presidente: “Houve uma inversão da propriedade e um dos denunciados, o ex-presidente, passou a dispor desse cartão como se proprietário fosse e fez inúmeras compras particulares. Não digo uma, eu digo inúmeras compras particulares.”

Entre os gastos irregulares estão a compra de dois relógios de luxo, roupas e despesas em Fernando de Noronha e na Praia da Pipa. O promotor ressaltou que não é aceitável que o cartão corporativo seja usado em drogarias, clínicas, hospitais de ponta ou duty free, destacando que os recursos pertencem ao Corinthians e não aos dirigentes.

Ex-presidente Andres Sanchez durante sua apresentacao da Comissao Tecnica no Corinthians em coletiva de imprensa no CT Joaquim Grava. Foto: Daniel Vorley/AGIF

Sobre Gavioli, Conserino afirmou que o gerente financeiro tinha obrigação jurídica de fiscalizar e impedir os gastos irregulares: “Ele era garantidor do bem jurídico, obrigado a conferir notas fiscais e a verificar a pertinência dos gastos, além de confeccionar relatórios para órgãos superiores. Nada disso foi feito, e ele ainda disse que não tinha dever de fiscalização, embora fosse remunerado para tal.”

Contexto das notas oficiais

Em resposta à denúncia, o Conselho Deliberativo do Corinthians informou que Andrés Sanchez pediu afastamento do conselho, onde ocupa a posição de Conselheiro Vitalício, e do CORI, do qual é membro nato, por tempo indeterminado, para poder se defender das acusações.

O afastamento foi aceito sem necessidade de deliberação do plenário, e a Comissão de Justiça do Conselho seguirá com a apuração, ouvindo ex-diretores e presidentes de órgãos fiscalizadores do clube desde 2018.

Simultaneamente, a Diretoria Executiva do Corinthians decidiu afastar Gavioli de suas funções, também por tempo indeterminado e sem remuneração, garantindo que ele possa se defender da denúncia. O clube afirmou que acompanha de perto a investigação e se coloca à disposição do Ministério Público e dos órgãos internos, reforçando o compromisso com a transparência e a colaboração nas apurações.

O promotor pede que a Justiça obrigue os denunciados a pagar R$ 480 mil, além de indenizações por danos materiais e morais equivalentes a 75% do valor utilizado indevidamente. O MP continua a investigação sobre outros ex-presidentes, agora focando no período de mandato de Duilio Monteiro Alves, de 2021 a 2023.