Em “Pantanal”, Zuleica (Aline Borges) é mãe de três jovens adultos: Marcelo (Lucas Leto), Renato (Gabriel Santana) e Roberto (Caue Campos). Os seus “meninos” são fruto da duradoura relação com Tenório (Murilo Benício). Relação, não casamento. Quando engravidou de Marcelo, Tenório já era casado com Maria Bruaca (Isabel Teixeira), e ela sempre soube.
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A personagem foi apresentada ao público em cenas que foram ao ar no último sábado (11), em um cenário de crises. Crise no casamento de Tenório, crise econômica, já que ele está com a corda no pescoço, e crise entre os filhos, que ao saberem que Maria descobriu sobre a traição do marido, não entendem por que não podem, então, conhecer a outra família e as terras do pai noPantanal. Em entrevista, Aline Borges contousobre os bastidores de sua chegada à novele sua visão sobre esta personagem e trama.
“Assisti partes (da novela original exibida em 1990), não à novela toda. Eu tinha 15 anos, mais ou menos, e tenho uma memória afetiva com a novela, assim como muitos brasileiros.Pantanalé uma novela que mexe com nossas emoções, mexe com o lúdico, o imaginário, você acreditar no encantamento das coisas, nas lendas. Tem um valor muito especial, que deixou marcas e por isso que hoje ela é tão abraçada, tão assistida, tão amada”, começou ela.
A atriz prosseguiu: “Quem assistiu, guarda alguma história ou memória afetiva; e quem não assistiu, como é o caso do meu enteado que tem 19 anos, vejo ele super encantado, acreditando naquela história daquela mulher que vira onça, no Velho do Rio, gostando de se encantar. Isso é muita rico porque os nossos jovens hoje só querem saber de internet, eu nunca tinha visto meu enteado ver televisão, novela principalmente.Pantanalé realmente pra todas as idades, não tem uma faixa etária. Ela pega as pessoas sensíveis, que estão abertas e querem se emocionar com a simplicidade da vida”.
Importância da história de Zuleica
Questionada sobre a linha narrativa de sua personagem na novela, que abordará questões relacionadas ao racismo e ao preconceito, Aline elogiou o autor: “É uma benção ter um dramaturgo como ele, um homem branco que tem esse olhar afinado, apurado para questões raciais, de entendimento para as necessidades de discutir essas questões. Para descontruir a gente precisa discutir, colocar uma lupa para olhar para o racismo, que segue excluindo, oprimindo e matando o povo negro todos os dias. Então, é maravilhoso ter a oportunidade de dar vida à essa personagem, que é uma mulher negra, com uma família preta, numa relação inter-racial, que é até complicado falar sobre isso no Brasil, existe tanto preconceito, tanto julgamento”, refletiu.
Núcleo da novela encabeçado por Aline Borges e Murilo Benício – Foto: Globo
“Acho importante ele ter a coragem e peitar, trazer essa mudança. Porque esse papel foi vivido pela Rosamaria Murtinho lá atrás, brilhantemente vivido por ela, uma mulher branca. Bruno fazer essa mudança para que a Zuleica seja uma mulher preta e trazer essas questões raciais é de um valor primoroso, muito especial e a gente precisa olhar para isso. Abraçar isso com todas as forças. Não é uma tarefa fácil, mas a gente está caminhando junto. E é lindo observar o quanto o Bruno tem a escuta aberta para essa transformação”.
Ela também explicou quem é Zuleica sob sua visão: “A Zuleica é uma mulher como tantas e tantas mulheres, cheia de conflitos, dualidade permeando a vida dela o tempo todo. É uma mulher íntegra, criou os três filhos praticamente sozinha. Muita coisa vai acontecer ao longo do caminho, no arco dramático dela. Ela é uma mulher muito forte, que reconhece suas dificuldades, seus limites, mas que não entrega o jogo. Segue na resistência”.
Sororidade com Maria Bruaca
Na sequência, Aline comentou sobre a relação entre Zuleica e Maria Bruaca. “Ébonito de ver, diante de toda a situação que vai acontecer nesse trio, de Maria Bruaca, ela e Tenório, que ela não larga a mão da Maria Bruaca. A sororidade, a empatia estão na frente. E é bonito o Bruno não ter ido para o caminho da rivalidade entre essas mulheres. Porque a gente vive num Brasil e num mundo onde a mulher foi ensinada a rivalizar”, afirmou.
“Neste caso, essa história tem dor, mas tem também respeito, empatia, entendimento de que é muito mais importante a integridade dessas mulheres do que conquistar um espaço na vida desse homem. Principalmente pra Zuleica, que está nessa relação por diversas razões que ainda vão ser reveladas. Ela tem uma dívida de gratidão com esse homem. O que fica pra mim, de bonito, é ver a integridade dela, sua força, e o fato de ela não ser uma mocinha. Ela também erra porque é humana”, explicou Aline em seguida.