No fim de dezembro de 1992, muita gente acordou assustada com as notícias que passavam na televisão: além da renúncia do presidente Fernando Collor de Mello, um crime tirou a vida de Daniella Perez, atriz de sucesso que estava bastante popular por sua participação na novela “De Corpo e Alma”, escrita por sua mãe, Gloria Perez. Conforme o dia foi avançando, os detalhes foram aparecendo e deixando tudo ainda mais bizarro: ela havia sido morta com golpes de punhal por seu par na trama, Guilherme de Pádua, e a esposa dele, Paula Thomaz.
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Nesta quinta-feira (21), a HBO Max coloca no ar a série “Pacto Brutal: O Assassinato de Daniella Perez”, que recria em cinco episódios todos os passos desse crime que é, até hoje, lembrado como um dos mais terríveis da história do país. É comum encontrar pessoas que se lembram exatamente de onde estavam quando receberam a notícia, ou lembrar dos detalhes que foram expostos na mídia; o desfecho veio com a campanha, feita por Gloria Perez, por alterações no Código Penal brasileiro.
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Então, para quem não era nascido na época ou tem poucas recordações daquele tempo, aqui vai um resumo da história que será mostrada na série documental da HBO Max – que também pode ser considerada uma das mais aguardadas pelo público brasileiro nos últimos anos.
Premeditação
Daniella Perez e Guilherme de Pádua se conheceram nos bastidores da novela “De Corpo e Alma”, que vinha sendo um grande sucesso de audiência na Globo. Na trama, ela interpretava Yasmin, que tinha um breve caso com Bira, interpretado por Guilherme. Na época, Daniella tinha 22 anos e já era casada, com o também ator Raul Gazolla.
No dia 28 de dezembro, Daniella e Guilherme gravaram em um estúdio no Rio de Janeiro a cena em que o casal que formavam na novela se separava. O ator ficou bastante nervoso, chorou nos camarins, e acreditou que aquele era o final de sua participação na novela, pois naquela semana havia aparecido menos que o que considerava normal.
Muita gente testemunhou dizendo que Guilherme foi visto entregando um bilhete para Daniella nas pausas da novela, mas a própria atriz não comentou com ninguém a respeito do teor. Já no fim da tarde, quando as gravações terminaram, Daniella saiu do estúdio e foi seguida por Guilherme, que já levava no banco de trás do seu carro a sua esposa, Paula Thomaz. Ela estava escondida embaixo de um lençol.
Barra da Tijuca
Daniella então parou em um posto de gasolina, e na saída dele, Guilherme fechou o carro da atriz. Ela saiu do carro e levou um soco no rosto, dado pelo ator. Desmaiada, ela foi colocada no banco de trás do carro dele, então dirigido por Paula, e ele assumiu o volante do carro dela.
Os dois carros foram para uma rua deserta na Barra da Tijuca, e em um terreno baldio aconteceu o crime: o casal matou Daniella Perez com 18 estocadas. Na época, se dizia que havia sido com uma tesoura, mas descobriu-se depois que foi com um punhal. A atriz teve coração, pescoço e pulmões atingidos, e morreu no local, de choque hipovolêmico.
Os dois não contavam com uma testemunha: o advogado Hugo da Silveira, que passava pelo local, viu os carros parados e achou esquisito. Ele anotou as placas dos carros e chamou a polícia, que chegou no local de madrugada e encontrou apenas o carro dela. Um dos policiais tropeçou sem querer no corpo de Daniella, e foi assim que ela foi achada.
Ao encontro do culpado
Imediatamente, as investigações foram atrás do outro veículo visto no lugar. Um dos primeiros lugares visitados pelas autoridades foi o estacionamento do estúdio onde a novela era gravada, e lá descobriram uma placa muito parecida: a de Guilherme de Pádua. Ele havia alterado a placa do carro para não ser reconhecido, mas de nada adiantou.
Guilherme e Paula chegaram a dar condolências para o marido e para a mãe de Daniella, mas não demorou para que a polícia ligasse os pontos: às 7h da manhã, ele foi preso. Inicialmente ele negou o crime, mas estava com um arranhão no braço, o que reforçou as suspeitas da polícia. Assim que foi confrontado com novas provas, ele assumiu o crime.
O então casal teve a prisão decretada no dia 31 de dezembro. O julgamento aconteceu cinco anos depois, e eles foram condenados por homicidio qualificado: ele pegou 19 anos, enquanto ela pegou 18. Em 1999, ambos foram soltos em liberdade condicional. Quando foi presa, Paula estava grávida, e teve o filho na prisão em 1993. O casal se separou ainda na cadeia.