“Cidade de Gelo” é um raro filme russo no catálogo da Netflix, e que traz uma história que tem vários pontos de ligações aos contos de fada que estamos acostumados a ler e assistir desde sempre no Ocidente. É o tipo de história que pode cativar todos os públicos, desde que se consiga entrar nesse enredo recheado de reviravoltas e com um romance à vista.
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A história de “Cidade de Gelo” gira em torno de Matvey (Fedor Fedotov). Ele é o melhor entregador da confeitaria Le Grand Pie, em São Petersburgo, na virada para o século 20. Ele consegue se destacar por causa dos patins de prata especiais que foram trazidos por seu pai da Holanda há muitos anos.
Um dia, a carreira de Matvey como entregador termina de forma repentina, em uma história que mistura uma estrada bloqueada, o atraso de um cliente e uma briga com seus superiores assim que volta para a confeitaria. Sem emprego e sem perspectiva, não resta nada para ele além de vagar pela feira em São Petesburgo, onde conhece um grupo de batedores de carteira liderados por Alex (Yuri Borisov).
Alex é fascinado pelas ideias da luta de classes, el tem certeza que a riqueza da nobreza pertence verdadeiramente ao povo. Essa é a desculpa que dá para se servir das carteiras das pessoas ricas que passam pelo local. Sem muitas opções, ele acaba se juntando à gangue e desenvolve grande talento para o roubo.
O pai de Matvey (Timofey Tribuntsev) tem problemas de saude, sofre com uma tosse constante, e mesmo relutante aceita o dinheiro que seu filho traz para casa como fruto dos roubos nas ruas. A intenção de Matvey é nobre: ele quer juntar dinheiro para levar seu pai a um sanatório onde possa se curar da doença que o faz sofrer.
A vida de Matvey começa a mudar quando, depois de uma aposta, ele acaba na varanda da casa de Alice (Sophia Priss), filha de um homem rico (Alexey Guskov). Os dois logo se apaixonam, mas há dois problemas: Matvey é pobre e nunca seria aceito pela família dela; além disso, ela já está de casamento marcado com outro.
“Cidade de Gelo” é um filme que aposta na magia da história tão conhecida — o jovem rico que se apaixona pela menina rica, e vice-versa — para criar uma aura de conto de fadas que serve bem ao propósito dessa produção. A fotografia, a direção de arte e o figurino são todos no estilo clássico, condizente com o que o roteiro quer nos mostrar.
E é no roteiro que reside a maior força de “Cidade de Gelo”. Temos uma história simples que engrandece conforme o tempo passa, e que termina deixando um sorriso em quem assiste, porque é fofo, bem feito, bem atuado, bem desenvolvido. Não é um filme para marcar gerações, mas é um bom passatempo, ainda mais para quem gosta de comédias românticas.
Os toques de humor e fantasia, aliado ao drama dos personagens principais, fazem de “Cidade de Gelo” uma boa opção para quem quer fugir um pouco dos temas mais pesados e sérios que a Netflix vem mostrando nos últimos tempos. É um filme decente, que encanta o espectador com esse toque mágico característico das produções que se passam no fim do século 20.