'A Favorita' surpreendeu o público subvertendo a estrutura do folhetim tradicional. Só depois de muitos capítulos o autor João Emanuel Carneiro entregou a vilã da trama. A sequência emblemática, que entrou para a história da teledramaturgia brasileira, acontece nessa sexta-feira (15), no 'Vale a Pena Ver de Novo'.

Donatela (Claudia Raia) e Flora (Patrícia Pillar) em A Favorita
© TV GLOBO / João Miguel JúniorDonatela (Claudia Raia) e Flora (Patrícia Pillar) em A Favorita

Flora (Patrícia Pillar) assume para Donatela (Claudia Raia) que matou Marcelo (Flavio Tolezani) em tom sádico, contrastando com o ar angelical que a personagem demonstrou desde o começo da trama, apesar de ter passado 18 anos na prisão. Até esse momento da novela, Flora e Donatela possuem versões diferentes sobre a morte de Marcelo, deixando cada vez mais dúvidas no público sobre quem diz a verdade.

Cena vai ao ar nesta sexta-feira (15) - TV GLOBO / Renato Rocha Miranda

Cena vai ao ar nesta sexta-feira (15) - TV GLOBO / Renato Rocha Miranda

Garantindo que foi injustiçada, Flora ganhou a torcida de boa parte das pessoas, e por isso a sequência é tão surpreendente. João Emanuel Carneiro conta que o objetivo de despertar dúvida sobre quem é a vilã e a mocinha foi criar uma novela instigante e ousada. "A mocinha pobre e vitimada, que quase sempre é heroína nas novelas, aqui é uma assassina, e a mulher rica e fútil é a vítima. Acreditava que o público estava preparado para lidar com personagens cindidos e multifacetados. Quebrando estereótipos da teledramaturgia a novela fez e novamente está fazendo sucesso", revela o autor.

 

Atrizes falam sobre dualidade das personagens

Trabalhar a dualidade das personagens foi estimulante e ao mesmo tempo muito desafiador para Patrícia Pillar e Claudia Raia. "Claudia e eu precisávamos criar personagens que fossem convincentes em ambas as personalidades, no meu caso a de uma mulher presa injustamente que voltou para provar sua inocência ou a assassina fria, recalcada e vingativa. Precisávamos convencer os dois lados, era um jogo", relembra Patrícia.

"Tivemos de trazer muitas nuances para as personagens. Não foi fácil porque tínhamos de pensar na coerência da história também depois que a revelação fosse feita e as cartas já estivessem na mesa para o público. O que mais me marcou nesse trabalho foi realmente a maneira como as duas protagonistas foram desenvolvidas. Quando soube que o João Emanuel Carneiro queria fazer a revelação com a novela já há bastante tempo no ar, eu fiquei pensando: "será que vai dar certo?". E deu muito certo. A história não perdeu o fôlego", conta Claudia.