O atleta precisa seguir uma rotina que inclui treinos, hábitos saudáveis de alimentação, consultas periódicas ao médico e também ao dentista. Como a saúde do corpo dele é fundamental para que atinja os melhores resultados, a assistência deve ser integral. É nesse momento que entra a odontologia do esporte. Apesar de pouco conhecida, ela é fundamental para prevenir doenças e aumentar o rendimento nos treinos e nas competições. Pesquisas da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) indicam que o aproveitamento do atleta pode diminuir em 22% em razão de distúrbios na saúde bucal. O tema está sendo tratado na Câmara dos Deputados que já aprovou o Projeto de Lei 11163/18. Neste momento, a matéria tramita em caráter conclusivo e está sendo analisada pela Comissão de Constituição e Justiça. O PL prevê que entidades esportivas sejam responsáveis pela saúde bucal de atletas independentemente do tipo de vínculo que o atleta tenha.

Inúmeros problemas podem interferir na saúde bucal do atleta, comprometendo seu desempenho e o sucesso em competições importantes. “Um atleta de alto rendimento que sofre com a falta de um dente pode ter dificuldade na mastigação e prejudicar a absorção de nutrientes e a produção de energia, afetando diretamente no comportamento muscular. Além disso, a respiração tende a ficar prejudicada, o que pode dificultar atividades de alta intensidade, resultando em um rendimento inferior ao seu potencial”, afirma Bruno Rosa Trevisan, cirurgião-dentista. Outros problemas que podem atingir os atletas estão relacionados à consequências na ATM - é responsável pelo movimento de abrir e fechar a boca - principalmente nos esportes de contato, como lutas marciais, basquete e futebol. Contudo, para evitar essas complicações, há formas de se proteger.

O uso de acessórios é importante, conforme o profissional. “O protetor bucal é essencial para evitar ou minimizar as consequências de impactos durante a atividade. Quando feito por um cirurgião-dentista de forma personalizada, o protetor melhora a absorção de impacto e auxilia na respiração. Nas modalidades que exigem um maior contato entre competidores, o protetor bucal é imprescindível.

O principal objetivo da odontologia do esporte é a prevenção de complicações bucais que possam interferir no desempenho do atleta. “Pensando nisso, o especialista realiza um acompanhamento durante os treinos e nas competições. Atuamos também no tratamento de acidentes orofaciais e em problemas respiratórios. Há ainda um cuidado com os medicamentos prescritos, para que esses não se tornem um problema no momento do exame antidoping”, destaca.

Algumas doenças afetam diretamente a cavidade bucal e podem prejudicar o desempenho dos atletas. “As doenças da gengiva, como a periodontite e a gengivite podem ocasionar focos de bactérias no sistema circulatório e causar problemas cardíacos como endocardite, aterosclerose, arritmia ou até mesmo um AVC e ou um infarto”, destaca. “É necessário que o atleta tenha ido regularmente ao dentista. Em um segundo momento, é preciso reforçar que o básico – escovação, fio dental e enxaguante – deve ser feito, no mínimo, três vezes ao dia."