A semana palestrina tem sido intensa em um movimento especulativo de mão dupla. Ao mesmo tempo em que se viveram as mais diversas emoções pela iminente saída do craque Dudu e também por possível proposta a Gustavo Scarpa, também se misturuou ao frenesi curioso pela volta de Róger Guedes, intenção de aquisição nem tão pouca emitida pelo Palmeiras.

Volta de Róger Guedes: o que está em jogo para o Palmeiras
Volta de Róger Guedes: o que está em jogo para o Palmeiras

O caso de Dudu é complexo, envolve amplas questões. Mas o caso de Guedes me pareceu, assim como para boa parte da palestrinidade, aquele jogo de cena típico de quem exagera no network. O primeiro aceno foi uma postagem nos stories do atacante em que aparece em um jatinho com a enigmática mensagem de que voava para acertar seu futuro. Emotions como uma mensagem cifrada davam a entender que o ex-camisa 27 tinha fé em suas negociações no futebol.

Até que apareceu a imobiliária preferida dos jogadores palmeirenses nas séries de postagens. Nesse momento, palestrinos otimistas e desejosos do retorno pareciam até se disponibilizar no carregamento dos móveis da mudança do craque. Euforia geral nas redes alviverdes.

Os caminhos apontam que, aqui no Brasil, a única casa viável a Roger Guedes é o Palmeiras, já que a clausula do contrato de venda ao Shandong Luneng estipula que, caso o jogador seja emprestado a qualquer clube brasileiro, o Palmeiras deva receber 3 milhões de euros (mais de R$ 18 milhões na cotação atual).

Isso travou as negociações com o Atlético-MG, último clube onde Róger atuou no Brasil e que há duas semanas passou pela mesma “metodologia Guedes” de network. Postagens enigmáticas, desta vez com Belo Horizonte e o Galo como temas, euforia da torcida atleticana e, por fim, maionese desandada no acerto final de contrato.

Essa triangulação envolvendo Atlético-MG, Palmeiras e Guedes joga luz  num daqueles exemplos que nos mostram como o mundo gira. Foi o atual diretor do Atlético, Alexandre Mattos, que na época da venda do jogador, como então chefe do departamento de futebol do Verdão, colocou a onerosa clausula no contrato.

O Palmeiras não necessita de alguém com as características de Róger Guedes. Rony, Gabriel Veron e Wesley são apostas de esperança da comissão técnica. É perceptível que, após a quarentena, o trabalho de lapidá-los está com força na agenda de Vanderlei Luxemburgo - isso quando o Professor voltar do isolamento forçado, já que contraiu a Covid-19. É fato que agora o Palestra conta com uma promissora base recém-convocada para o elenco profissional. Gabriel Silva, um dos atacantes integrados, fez 40  gols nas competições sub-17 e sub-20 do ano passado.

Valeria a pena bancar um mega salário apenas para manter Guedes durante o tempo em que está impedido de voltar a China por conta da pandemia? Para o clube chinês, seria o melhor dos mundos, o craque, que é muito bem cotado por lá, manteria a forma por aqui durante o período e partiria livre e leve para o Oriente assim que as fronteiras se abrissem. Neste caso, caberia ao Palmeiras começar uma readaptação de elenco novamente.

É importante ressaltar que essa cavada pela repatriação não vem só do craque, boa parte da torcida gostaria de ve-lô de volta, e assim, dá-lhe lenha na insana fogueira do mundo virtual.

No entanto, com a provável saída de Dudu, faz mais sentido o retorno do jogador, pois é inegável sua identificação com grande parte da torcida. Embora sua saída tenha acontecido em meio a polêmicas com integrantes do elenco, como um certo capitão de muita personalidade, o legado de Róger Guedes é positivo no Palmeiras, enfim, agrada a boa parte da massa palestrina e acalmaria os ânimos ao trazer um nome de destaque.

 

Mas o fato é que a pauta de repatriar o atacante ainda não passou pela mesa do presidente Maurício Galiotte, e muito menos na mesa do empresário Joseph Lee, que gerencia praticamente todas as negociações que envolvem a China.