O Palmeiras entrou no estádio Defensores Del Chaco, em Assunção, para enfrentar o Guaraní com o objetivo de vencer e garantir a vaga nas oitavas de final da Libertadores, mas foi incapaz de achar o caminho do gol. Constatação tão clichê quanto apontar os frequentes pecados da bola cometidos pelo Alviverde. São notórios e recorrentes os problemas. Ainda que dos males o menor - porque não foi derrotado -, o invicto que não ganha tem a sina de empatar. 

Palmeiras segue sua saga de não perder, mas vencer parece um suplício
Palmeiras segue sua saga de não perder, mas vencer parece um suplício

Não perder tem muito do mérito de uma zaga de responsabilidade e qualificada - uma das melhores do país. A falta de ofensividade é compensada com a solidez da zaga, frase pronta e de efeito assim como a popular “o medo de perder tira a vontade de ganhar" que tem instigado provocações ao seu autor, Vanderlei Luxemburgo. 

Time que encontra sobriedade apenas na zaga fica fadado a ter dificuldades em vencer, e exposto a questionamentos incômodos quanto a medos e incapacidades. Seria injusto afirmar que, do meio para frente, o Palmeiras não funciona, pois acompanha-se um progresso, nomes já foram positivamente destacados e lugares promissores encontrados. É inegável que, por exemplo, achamos um Gabriel Menino como talento que pulsa e se afirma, ou que Lucas Lima encontrou seu papel a desempenhar. Mas a dificuldade de continuidade no padrão de jogo compromete esse avanço ou, ao mínimo, levanta dúvidas como se há um limite para as melhoras, ou seja, consegue voar além do teto, o Palmeiras 2020?

Na partida contra o Guaraní, além da habitual dificuldade em encontrar o gol, o Palmeiras encontrou um adversário de forte marcação que complicou a saída de bola alviverde, bem como promoveu um paredão paraguaio rígido. Muito presente na partida, Matias Viña buscou ofensividade pelo seu setor, e foi muito combativo da defesa. 

Recuado, o Palmeiras não foi capaz de aproveitar os arranques de Viña e Menino, que, assim como Zé Rafael, fizeram uma partida intensa, com importantes desarmes, porém não conseguiram compactar o time. Mesmo bem posicionado na defesa, o Palestra padeceu pelos grandes espaços que foram de fácil preenchimento pelo Guarani. 

Ataque Inerte

Lucas Lima realizou uma partida náutica, jogou a âncora no campo de defesa, aproveitando a tendência retraída do time e “boiou” a maior parte do jogo. É aí que voltamos à frase de Luxa, pois se é claro que não falta vontade para ganhar, já que ao menos não há falta de brio, o mesmo não se pode dizer sobre o medo de perder, pois a postura retraída indica que se joga com o que, talvez, seja o receio excessivo de um revés. Isso reflete nos atacantes isolados na frente, como é o caso de Luiz Adriano, que ontem teve Gabriel Veron como companheiro de solidão. O craque, que estreou como titular, já sofreu com a falta de conexão com o setor criativo do time. 

Patrick de Paula fez falta no Defensores Del Chaco, principalmente na saída de bola e no respeito que impõe na meia cancha palestrina, mas Danilo está no mesmo caminho de personalidade. Compôs bem a dupla com Gabriel, tem um toque de bola refinado e um ímpeto digno de quem sobe ao time principal para agregar e potencializar ainda mais uma característica formadora que marca o Palmeiras nos últimos tempos. 

Sobre ausências e presenças no time, a torcida viu o que, talvez, seja a formação desejada. Veron iniciando a partida, Patrick substituído com qualidade, miolo de zaga titular e impecável, as duas laterais bem cobertas. Frustra ver que o ataque almejado não é municiado e o time não encontre gols e vitórias.

Obviedades

O medo de perder também se escancara quando, em entrevista coletiva ao final do jogo, o Profexô louva o empate, dando a entender que, sim, seu time joga pelo empate. Só faltou perguntar, “E daí?”. É fato que a situação do Verdão na tabela da Libertadores é de certa vantagem, uma vitória ontem carimbava o passaporte para a próxima fase, mas o que espanta são as tendências gaúchas que Luxemburgo apresenta. O estrategista, que se caracterizou por times ofensivos, hoje pena para ver seu time encontrar as redes adversárias e se apoia na consistência do sistema defensivo para garantir pontos.