O Palmeiras começa a colecionar resultados que se caracterizam pelo revés imediato de uma construção. Não foi apenas o empate contra o Grêmio por 1 x 1, em Porto Alegre, que deixou os Palestrinos com a sensação de desperdício. Um empate grotesco contra o Goiás em casa, outro empate cedido após brilhante virada sob o Sport no mesmo Allianz Parque e o empate nos acréscimos contra o Bahia, idêntico ao que aconteceu no Sul pela 11ª rodada: vitória construída com labor para se perder tudo subitamente, beirando o fim da partida, a decepção como tortura.

Mais um vacilo, menos 2 pontos
Mais um vacilo, menos 2 pontos

A conta começa a pesar, pois afasta da caminhada rumo à liderança, bem como, pode tirar o Verdão do pelotão principal que segue no topo da tabela, não foi o caso, já que o Palestra se manteve no G4 ao término da rodada, porém, preocupa o fato de que o vacilo se torne uma tendência. O sinal de alerta é evidente, à medida que se percebe a dificuldade do time em segurar o resultado.

Empate doloroso cedido na Arena do Grêmio. O Palmeiras acabava de se superar dentro da partida, depois de um primeiro tempo em que foi encurralado, com a marcação no campo de defesa e dificuldades em chegar na área de um Grêmio impenetrável, o segundo tempo trouxe mudanças, Luxa parte para um 4-3-3, com Wesley e Veron, o time se solta e consegue concluir para o gol. Matias Vinã encaixa cruzamento perfeito e Raphael Veiga faz um golaço.

Aliás, Wesley deve ser titular de um time que não encontrou objetividade no jogo de Rony, embora pela Libertadores, contra o Bolivar, tenha desempenhado de maneira efetiva, o normal do camisa 11 é sumir no jogo, enterrar a cabeça no chão ao correr e se ancorar na ponta do campo em que for escalado. Wesley se torna unanimidade entre a torcida porque é perceptível como confere mais mobilidade ao time, com o camisa 21 o Palmeiras é mais perigoso, mais próximo de concluir para o gol.

Curioso foi notar que Lucas Lima fez falta, a ausência do meia foi sentida na armação  para o ataque, assim como no apoio que realiza no campo de defesa. Luxa encontrou um espaço interessante para que L.L atue, partindo da ponta rumo ao gol, nas ultimas partidas isso funcionou, aliado à disposição que o camisa 20 tem apresentado. No primeiro tempo, Raphael Veiga não cumpriu esse papel e o poder ofensivo do time foi praticamente nulo.

A volta de Felipe Melo surpreendeu pela segurança e solides, após 10 partidas parado seu retorno se mostrou um trunfo bem vindo. Melo é sem dúvida um ganho de liderança, sua adaptação na zaga foi sagaz. A zaga é um setor que se destaca nesse time do Palmeiras, confere confiança quando o time demonstra claramente incertezas e fraquezas através de algumas escolhas de Vanderlei Luxemburgo.

Nesse leque de escalações que caem a cada dia no descredito do torcedor, é incompreensível porque se aposta em Ramires, que perde espaço a cada jogo. Mesmo com o déficit em relação a anos passados, Bruno Henrique é mais funcional, serve à propósitos construtivos, como auxílio na marcação do campo de defesa ou até mesmo apoio em jogadas de ataque.

No meio campo dominado pela base, Danilo é mais promissor que Ramires, mesmo que a juventude ainda seja vista em precipitações, como o excesso de chutes arriscados de fora da área que poderiam ter se transformado em troca de passes rumo ao gol. Assim como é preciso conter a ansiedade de Danilo, é preciso trabalhar a forma impetuosa que Gabriel Menino se joga em disputas de bola, sempre um convite ao cartão, desta maneira uma expulsão fatalmente vai acabar comprometendo o time em algum momento.

Dos resultados vivenciados na chamada bacia das almas o Palmeiras ainda leva certa vantagem. Conquistou 5 pontos com gols nos acréscimos, contra o Atlético PR e Red Bull Bragantino, empatava e venceu, em casa contra o Internacional, perdia e empatou. Já no quesito pontos perdidos nos acréscimos cedeu o empate para o Bahia e para o Grêmio quando o mundo Alviverde já comemorava 3 pontos preciosos ganhos fora de seus domínios.

Se adaptarmos a saga Palmeirense no Brasileirão 2020 podemos adapta-la ao mito grego de Sísifo, camponês que pela rebeldia e heresias contra os Deuses gregos foi condenado a repetir eternamente a tarefa de empurrar uma pedra até o topo de uma montanha, sendo que, toda vez que estava quase alcançando o topo, a pedra rolava novamente montanha abaixo até o ponto de partida, invalidando completamente o duro esforço despendido.

Ao não conseguir planejar um jogo em que seja capaz de prover perigo aos adversários ou até mesmo garantir um resultado construído com muito trabalho e esforço, o Palestra pode ser condenado pelos Deuses do futebol a ver suas construções e labutas esmorecerem, tornando qualquer avanço em vão.