Existe um ditado popular famoso no mundo da bola: “Tudo acontece com o Botafogo”.  No contexto do jogo da última quarta-feira (07), entre Palmeiras e Botafogo, podemos completar a frase com a seguinte afirmação, tudo acontece, inclusive enfrentar o Palmeiras que tem um técnico ex-lateral-esquerdo, que prefere escalar um lateral-direito mediano na posição de Matias Viña ausente na partida no Estádio Nílton Santos.

Cai a invencibilidade, sobem incertezas e preocupações
Cai a invencibilidade, sobem incertezas e preocupações

Colocar Mayke na lateral esquerda foi um dos erros crassos de Luxemburgo na derrota por 2x1 que quebrou a invencibilidade palestrina. O lateral-direito de ofício parecia um caranguejo em suas investidas ao ataque, sem o cacoete da posição, avançava de lado, em notável incômodo em não ter habilidade na perna esquerda para prover  lançamentos e conexões.

A invenção de Luxa custou caro e trouxe um estranhamento desconfortável. Se Luxa havia treinado dias antes com Gustavo Scarpa na lateral esquerda, posição que o jogador já tinha atuado em tempos de princípio de carreira, bem como no Fluminense, qual razão que fez o treinador ir além do improviso simples escalando alguém com menos atributos para desempenhar a função?

Ficou claro que o técnico não confia no trabalho de Scarpa, que teve poucas chances de atuar, inclusive no período inicial de retomada, em que foi um dos menos testados no meio, sua posição de ofício. Ficou chato para o técnico quando colocou Scarpa aos 17min do segundo tempo e ele conseguiu fazer o Palmeiras render e encontrar um caminho para chegar à área do Botafogo.

Na série desencadeada de equívocos ainda teve espaço para escolhas como optar em iniciar a partida com Bruno Henrique e não experimentar Zé Rafael, que vive momento melhor. Outro atestado de teimosia passado pelo Profexô, pois quando fez a substituição que urgia pela apatia de BH, o time funcionou melhor. Em tempo, ele e Ramires são insistências feitas pelo treinador que, aos poucos, minam sua credibilidade e enervam a torcida, já que os jogadores são unanimidades em desagradar. 

A única escolha errada que pode ter certa compreensão foi a de manter Raphael Veiga. O meia vinha realizando partidas ótimas, decisivo nos últimos jogos, mas ontem não conseguiu dar sequência, assim como Wesley, que ficou preso na marcação eficiente do Botafogo. 

Lucas Lima entrou bem na partida, deu mais movimentação, nesse caso, a demora em colocá-lo foi o erro do técnico. Parece que se esqueceu que tinha uma opção diferente no banco, esqueceu que poderia diversificar com alguém que apresentava progresso. Desta forma, ele perdeu a oportunidade de rapidamente mudar a tática.

A hesitação em tomar uma atitude imediata para a segunda etapa do jogo fez o Palmeiras ver a condição de único invicto na competição desmoronar e virar um time completamente envolvido e amarrado pelo Botafogo. Improvável resultado, preocupante quando se leva em consideração que sucumbiu diante de um adversário com pouca força.

Algumas verdades inconvenientes apareceram na jornada palestrina. Felipe Melo não dá conta dos 90 minutos, Rony distorce a realidade quando atua bem pela Libertadores, pois no Brasileirão sua grossura fica pulsante. É o principal jogador a realizar uma das grandes bobagens do jogo palestrino, quando ataca, mesmo em velocidade, tem o hábito de quebrar a jogada recuando ou tocando de lado pela incapacidade de furar o bloqueio, ou até mesmo de partir pra cima com um último drible. Isso faz o time adversário se recompor inteiro, se reconfigurar na defesa.

A clara birra com Scarpa, a demora em perceber que tinha Lucas Lima no banco, a “paixão” descabida em Bruno Henrique, a insistência insuportável com Rony e, para finalizar, um pedido constrangedor e meio duvidoso por contratações na entrevista coletiva, enfim, na 14ª rodada do Brasileirão, Luxemburgo não podia ver uma vergonha que ele já queria passar.